Mesão Frio

Mesão Frio teria porventura nascido no sítio que muito mais tarde envolveria a igreja de São Nicolau, mandada erigir, segundo se diz, pela rainha D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques.

De certeza apenas se sabe que o germe desta terra foi uma daquelas albergarias (mansiones) existentes nas principais vias do Império Romano destinadas inicialmente a agasalhar (mansionis frigidae) os viandantes nos seus itinerários e, sucessivamente, a fornecer refeições, a estabular os animais e a servir de estação de muda de cavalos.

Daí que, a data de nascimento deste povoado se possa atribuir aproximadamente ao início do século III, a mesma do "ltinerarium Antonini Augusti" que descreve as diversas "mansiones" e a distancia entre elas (o período da dominação romana da Peninsula Hispânica vai de 197a.C. até ao ano de 411).

O actual nome desta vila provém, assim, duma longa evolução linguística, semântica e gráfica da "mansionis frigidae" que, por causa disso, mudou de caso latino, de significado e de género com total desprezo pela disciplina gramatical e, assim, ao sabor da pronúncia, variável consoante as pessoas, e dos seus inadvertidos registos

Vila tranquila situada na região demarcada do Douro, esteve desde sempre ligada à produção vinícola. Nas margens do rio, as vinhas cultivadas em socalcos oferecem uma belíssima paisagem, avistando-se aqui e ali quintas e casas solarengas.

O epíteto Terra do Marinheiro do Douro vem-lhe da ligação estreita entre o homem e o rio de outrora, ainda não represado pelas barragens. Remete para épocas em que a navegação do Douro era uma autêntica epopeia, obrigada a vencer pontos e galeiras, junto dos quais havia muitas vezes imagens de santos protectores da navegação. Há quem ache que as próprias danças folclóricas reflectem o balanço das ondas do rio e dos barcos que o sulcavam.

A vila é terra antiga e nobre. O primeiro foral foi concedido por D. Afonso Henriques nos alvores da nacionalidade. D. Afonso III a D. Manuel I confirmaram-no. Ainda hoje, passeando as ruas da vila, se colhe uma impressão de terra com história. E efectivamente alguns lances dramáticos ali tiveram lugar, com relevo para os incêndios e devastações causados pelas tropas do General Loison, em 1808. No património edificado merecem referência especial dois monumentos vindos da Idade Média. Um é o Convento de São Francisco, entretanto adaptado para receber os serviços municipais e outras repartições públicas, mas onde ainda é possível admirar o alçado frontal e o claustro com sua fonte decorativa. O outro é a Igreja de São Nicolau, monumento nacional, romano-gótico, muito alterado no séc. XVIII. Do séc. XVIII, época de prosperidade no Douro, ficaram-nos algumas igrejas, como as de Oliveira, Cidadelhe e Vila Marim, e diversos solares dispersos por todo o concelho. A vinha está por todo o lado. A própria vila está enquadrada por vinhas, que, ao mesmo tempo que são a base económica do concelho, se combinam com o relevo para criar vistas arrebatadoras. Uma referência etnográfica: a feira anual de Santo André, de 30 de Novembro a 8 de Dezembro, em Mesão Frio, misto de festa, feira e romaria, onde é possível captar tipos humanos inesquecíveis e gestos ancestrais na arte de negociar. Quanto à gastronomia, o prato típico é a marrã assada, mas o cabrito faz-lhe concorrência nas preferências de muita gente. Para doces, as falachas e o doce de Donsumil. Quanto a vinhos, finos e de mesa, a sua fama fala por eles.