CASA DO BARREIRO - GEMIEIRA, PONTE DE LIMA

No cimo da encosta, ergue-se majestosa a Casa do Barreiro, a cerca de 5 km de Ponte de Lima. Casa de meados do século XVII, com belo pátio central, representa uma referência da elegância arquitectónica das casas nobres da Ribeira Lima. Com recantos acolhedores, jardins e fontes, esta casa agrícola, produtora de vinho verde, reúne as condições para uma estadia diferente, um regresso às origens rurais e a tradição da região do Minho.

A quinta de vinhedos, os jardins e os socalcos, permitem observar pássaros, cornucópias e um painel em trompe-l’oeil, com uma escadaria monumental onde posam um casal enamorado e um galgo. O conjunto constitui um magnífico exemplar de azulejaria portuguesa, encomendado a Jorge Colaço, um dos grandes revivalistas da utilização do azulejo decorativo em Portugal. O jardim oferece recantos, fontes e lagos, árvores vetustas que proporcionam sombras acolhedoras, inspirando um tempo e um espaço e a contemplação da paisagem do Vale do Lima.

Características

  • Adega
  • Bar
  • Bicicletas
  • Bilhares
  • Capela
  • Estacionamento
  • Fala-se espanhol
  • Fala-se francês
  • Fala-se inglês
  • Jardins
  • Passeios a Pé
  • Piscina
  • Provas de vinho
  • Refeições mediante solicitação
  • Sala de jogo
  • Sala para conferências
  • Ténis

Localização

Gemieira

1265 TH

A Casa do Barreiro, construída no século XVII, é uma típica construção fidalga, em propriedades onde a agricultura foi, tradicionalmente, a actividade dominante. Em tempos recuados, as terras estendiam-se até ao rio Lima, e a quinta, rica em macieiras e na produção de milho, era, então, muito mais vasta, sendo hoje a actividade principal a cultura da vinha.

A casa foi construída de maneira a formar um pátio interior, no centro do qual existe uma fonte - um toque de frescura e de harmonia neste conjunto de uma ruralidade senhorial. As paredes seculares, caiadas com cuidado, são recortadas por janelas de guilhotina, torres, chaminés e varandas de sacada.

No exterior e no interior, nos muros que acompanham as escadas e nos caminhos dos jardins, que descem, em socalcos, para o vale, podem ver-se pássaros, cornucópias e um enorme painel em trompe-l'oeil, com uma escadaria monumental onde posam um casal enamorado e um galgo. O conjunto é um magnífico exemplar de azulejaria portuguesa, encomendado a Jorge Colaço, um dos grandes revivalistas da utilização do azulejo decorativo em Portugal. Os jardins, não sendo extensos, têm recantos, fontes e árvores vetustas que proporcionam sombras acolhedoras, onde apetece ficar, esquecendo o tempo, a contemplar a paisagem.

Uma estadia na Casa do Barreiro proporciona a possibilidade de partir à descoberta de uma região de extrema beleza.

In Solares de Portugal A arte de bem receber , Edições INAPA, 2007

HISTORIAL

A Casa do Barreiro data dos princípios do século XVII.

O Padre João Gonçalves Monteiro constituiu um vínculo que tinha na Casa do Barreiro. Foi seu herdeiro o Padre António Gonçalves Monteiro que a reconstruiu e por testamento de 1643, a ele vinculou toda a Quinta e terras dispersas, nomeando-o seu 1º Administrador. Seu sobrinho António Monteiro que tendo casado com D. Filipa de Caldas e Sousa, juntou outro vínculo e Padroado da Capela de Nossa Senhora dos Reis, incluída hoje na Igreja da freguesia da Gemieira.

Daí passou para a filha destes que a transmitiu ao seu filho, Miguel de Amorim Pimenta que a restaurou em 1700, tendo-a herdado sua filha Luiza de Abreu Pimenta de Amorim, e posteriormente o filho destes, José António Malheiro de Sá Sotomaior que, por sua vez, a deixou a seu filho, Caetano Malheiro de Sá Sotomaior. Deste passou à sua filha mais velha, Maria Sotomaior Pereira da Cunha, que a deixou a seu sobrinho, Francisco Malheiro Correia Pereira Peixoto, que, no segundo quartel a restaurou, acrescentando tanto à casa, como pátios e jardins com valiosas obras em cantaria de pedra.

Dr. Francisco Malheiro deixou nome em Coimbra como estudante. Viveu a juventude com viagens a Paris e tinha como predilecta a marca de carros Bugatti. Na idade madura passou a fazer uma vida simples e pacata dedicada aos estudos de Jurisprudência e História, com alguns trabalhos publicados. Conhecedor de genealogia, desenvolveu um grande trabalho de investigação e pesquisa. Como advogado foi muito considerado e as suas intervenções, polémicas e notáveis, enchiam as salas de audiência, na altura em que as causas eram ganhas nas barras do tribunal. Intervinha com gosto nas causas difíceis, especialmente em defesa dos mais fracos e humildes. Dedicou grande carinho à Casa do Barreiro onde manteve obras permanentes, com destaque para as cantarias de pedra executadas por verdadeiros artistas e os azulejos, que são quase todos da autoria de Jorge Colaço. Como não casou, deixou a Casa do Barreiro a seu irmão mais velho, António Malheiro Correia Pereira Peixoto.

Dr. António Malheiro, formado em direito, e que por razões ligadas à mudança Monarquia / República, deixou a sua área de formação para se dedicar à agricultura onde desenvolveu obra considerada meritória, designadamente a grande restruturação, à medida e técnicas da época, da sua Quinta de Barreiros da freguesia da Correlhã, concelho de Ponte de Lima, pertença da família, de que era representante, já nos princípios da Segunda Dinastia e vinculada em 1576 a um Morgadio do mesmo nome. Foi pioneiro no desenvolvimento da indústria agrícola, conseguindo-o até, em alguns aspectos, mesmo a nível nacional. Sendo pessoa austera, era , no entanto, considerado e estimado devido à sua sensibilidade pelas questões sociais e pela maneira como convivia com todas as pessoas, independentemente da sua condição social, credo político ou religioso. Nunca deixou de manter contacto com os colegas do tempo de estudante, alguns altamente colocados, nem esquecia os companheiros da escola primária ou de brincadeiras independentemente da sua condição económica. Na Casa do Barreiro pouco ou nada fez pois esteve na sua posse cerca de dois anos. À morte deste, foi seu herdeiro seu filho mais velho, Gaspar Malheiro Cardoso de Meneses Pereira Peixoto.

Gaspar Malheiro manteve sempre os seus princípios da moral e da religião, raramente se submeteu a outros valores ou regras preestabelecidas, privilegiando sempre o intelectual ao material. A sua postura pouco convencional facilitou-lhe a sua convivência com todo o género de pessoas e uma grande popularidade. Manteve amizades da escola primária, secundária, da superior e dos conhecidos posteriores com a mesma descontracção e familiaridade.

Na adolescência chegou a escrever contos e poesia, no desporto teve um gosto pelo automobilismo, com participação em circuitos ao lado dos melhores a nível mundial. Viajou por todo o Portugal e algumas partes do mundo, nomeadamente o Brasil, onde permaneceu cerca de três anos e onde deixou grandes amigos. Sentindo-se bem em qualquer sítio a sua referência e o seu refúgio foi sempre a Casa do Barreiro, nos melhores e nos piores momentos. Com bastantes sacrifícios procurou manter a casa com maior dignidade e cedo aderiu ao Turismo de Habitação para assim poder desfrutar e compartilhar a sua casa. Foi sem dúvida um dos grandes entusiastas e divulgadores do Turismo de Habitação.

Gaspar Malheiro faleceu solteiro, deixando, ainda em vida, a casa a sua irmã , Maria Teresa Barba de Meneses Malheiro Faria Barbosa, actualmente a sua proprietária, que se encontra casada com João Faria Rodrigues Barbosa, médico cirurgião. Deste casamento nasceram cinco filhos: Maria Teresa, João Pedro, Maria do Pilar, Maria Sofia e Miguel Diogo, encontrando-se os quatros irmãos mais velhos já formados e a trabalhar, e estando o mais novo ainda a frequentar o curso universitário. Sempre que possível colaboram com os seus pais para que o Turismo de Habitação tenha continuidade, seguindo deste modo o desejo do seu falecido tio.